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Civilização no imaginário cientificista – Reflexões sobre o quarto episódio da série “A Vida em Outros Planetas” (Netflix)

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Há uma mini-série de ficção científica da Netflix que se chama “A vida em outros planetas”.

Essa mini-série possui 4 episódios, cada uma fazendo a especulação sobre como seria a vida em 4 planetas: Atlas, Janus, Éden e Terra (não é a “Terra” que você está pensando, o nome do planeta em inglês está como “Terra” mesmo, e não “Earth” – não seria possível uma tradução para o português sem a ocorrência imediata desta confusão).

O último episódio, “Terra”, é o mais interessante pois traduz ao máximo o que se tornou o sonho ocidental do imperialismo da física.

Neste episódio, temos um planeta chamado Terra, cuja civilização é considerada extremamente avançada ao ponto de estar terraformando e colonizando outro planeta em seu sistema estelar.

O episódio apresenta em seu exame principal a ideia de que as civilizações se configuram conforme sua capacidade de uso energético: ou seja, a série vocaliza uma perspectiva extremamente materialista.

Marx dizia que a civilização é algo que ocorre na órbita da economia (a infraestrutura), os cientificistas dizem que a civilização é algo que ocorre na órbita da manipulação energética.

É interessante notar como o episódio trata “Terra” como uma projeção desejável do futuro da humanidade.

Os habitantes deste planeta venceram a morte e a desigualdade.

Eles são tão evoluidos que perderam seus corpos, tendo feito bioengenharia de si mesmos como massas de tecido neural mantidas vivas dentro de tanques.

Eles são tão evoluidos que são alimentados por nutrientes de plantas cultivadas e igualitariamente atendidos por robôs de sua própria criação, tornando-se, inclusive, biologicamente imortais.

Os habitantes deste planeta também venceram o individualismo.

Eles são tão evoluidos que suas mentes estão todas ligadas em uma única inteligência unificada e coletiva.

Não há mais conflitos, todos são perfeitamente harmônicos.

Também não há sinais de religião, cultura, poesia ou pensamento metafísico, pois toda sua sociedade está conformada apenas em alongar a vida indefinidamente e da forma mais otimizada e prazeroza possível.

Em suma, a percepção de uma “sociedade evoluida” em uma mente radicalmente cientificista e pragmática reduziu o conceito de “sociedade perfeita” numa espécie de cultura de fungos?

Esse é o grande paradoxo da queda do pensamento ocidental: o abandono do Éden, do Valhala ou dos Campos Elíseos, para esse tipo de ambição estranha.

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Essa mini-série possui 4 episódios, cada uma fazendo a especulação sobre como seria a vida em 4 planetas: Atlas, Janus, Éden e Terra (não é a “Terra” que você está pensando, o nome do planeta em inglês está como “Terra” mesmo, e não “Earth” – não seria possível uma tradução para o português sem a ocorrência imediata desta confusão).

O último episódio, “Terra”, é o mais interessante pois traduz ao máximo o que se tornou o sonho ocidental do imperialismo da física.

Neste episódio, temos um planeta chamado Terra, cuja civilização é considerada extremamente avançada ao ponto de estar terraformando e colonizando outro planeta em seu sistema estelar.

O episódio apresenta em seu exame principal a ideia de que as civilizações se configuram conforme sua capacidade de uso energético: ou seja, a série vocaliza uma perspectiva extremamente materialista.

Marx dizia que a civilização é algo que ocorre na órbita da economia (a infraestrutura), os cientificistas dizem que a civilização é algo que ocorre na órbita da manipulação energética.

É interessante notar como o episódio trata “Terra” como uma projeção desejável do futuro da humanidade.

Os habitantes deste planeta venceram a morte e a desigualdade.

Eles são tão evoluidos que perderam seus corpos, tendo feito bioengenharia de si mesmos como massas de tecido neural mantidas vivas dentro de tanques.

Eles são tão evoluidos que são alimentados por nutrientes de plantas cultivadas e igualitariamente atendidos por robôs de sua própria criação, tornando-se, inclusive, biologicamente imortais.

Os habitantes deste planeta também venceram o individualismo.

Eles são tão evoluidos que suas mentes estão todas ligadas em uma única inteligência unificada e coletiva.

Não há mais conflitos, todos são perfeitamente harmônicos.

Também não há sinais de religião, cultura, poesia ou pensamento metafísico, pois toda sua sociedade está conformada apenas em alongar a vida indefinidamente e da forma mais otimizada e prazeroza possível.

Em suma, a percepção de uma “sociedade evoluida” em uma mente radicalmente cientificista e pragmática reduziu o conceito de “sociedade perfeita” numa espécie de cultura de fungos?

Esse é o grande paradoxo da queda do pensamento ocidental: o abandono do Éden, do Valhala ou dos Campos Elíseos, para esse tipo de ambição estranha.

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